Um dia observei que havia alguém que estava sentado sobre o topo do
mundo observando tudo e a todos com ares de quem está muito interessado em tudo
que vê. Suas credenciais mostraram que ele poderia intervir em tudo, mas apenas
observava, de forma até inquieta as guerras, a paz, a pseudo paz, o lucro o
prejuízo, o nascer e o morrer.
Me dei conta de que alguém com aquelas credenciais não interferiria na
vida de ninguém sem ser chamado, mas o fato de as pessoas não olharem para ele
ou esquecerem da sua existência não o demoveu de seu lugar.
Subi o mundo na tentativa de, como dizem nossos conterrâneos mais
rurais, conseguir um dedo de proza com o dono do mundo.
não foi uma subida fácil, vento, vento muito frio, paredes íngremes,
caminhada desequilibrada, perigos de morte e dor, mas continuei subindo.
Em determinado ponto da escalada parei e me dediquei a um tempo de
contemplação sentado em uma pedra qualquer e vi que as noites caiam para o descanso
do mundo e os dias vinham a medida que o sol obedecia seu chamado.
Quando finalmente cheguei cansado ao topo do mundo, ele me olhou como
quem já sabia da minha chegada e perguntou: - Pequeno filho, o que traz você
aqui?
- Ofegante lhe disse: - Vim perguntar, porque mesmo com tanto mal
acontecendo la em baixo tantas pessoas que nem se dão ao trabalho de
olhar para cima e ver que você está aqui, você insiste em chamar o sol para
iluminar o seu dia?
Sorrindo ele me olhou e respondeu: - Filho, não é porque as pessoas não merecem
o bem que eu deixarei de ser bom. Fiz um pacto com vocês e não o quebrarei. O
meu amor estará para vocês sempre e este é o sinal da sua renovação, o sol
nascerá todas as manhãs.
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