sexta-feira, 26 de março de 2010

Um Cordel para Religar!

Parei no imaginário num dia de tribunal formado.

Vi a testemunha, o advogado, o promotor e o marginal

Mas algo me mostrou o que realmente importava

Vi o Juiz caminhando bem solene que estava

Pelo corredor na direção que ninguém imaginava

O que o levou a fazer tal, numa ação tão perene?

Era o próprio magistrado, caminhando firmemente

Abraçado e chorando pelo famigerado delinquente.



Era fácil para os iguais dar ali o veredicto

O ladrão, traficante, que nem era tão bonito

Tinha feito o mal-feito, pelas horas da madrugada

Coisa que nem se conta e fica o dito pelo não dito

E durante o dia inteiro ainda outras que nem de longe

Qualquer malvado ache bonito.

Para qualquer um ali a condenação era certa

Bastava então bater o martelo que a “justiça” era completa.



Os jurados se contorciam cada um em sua cadeira.

Avexados pra dar o recado, tudo arrumado em fileira

Eram: Maria Fuchiqueria, Zé do Oio Grande,

Marisa Pé de Calçada, Mané da Peixerada

Um casal de amancebado, e até Zezin, apelidado de Tiquin

Filho de uma Fulera...

Tava tudo aperreado com o choro do juiz.

Nem que fosse fí dele! gritou qualquer infeliz;



Nesse instante entrou um tal pela porta lateral

Que era cagado e cuspido a cara de Vossa Excelência

Mas, sem terno, sem gravata, que dos granfinos é normal

O rapaz veio algemado que só um Judas lapiado

Tava todo sujo o coitado, parecia um marginal

Quando o pai viu a cena, num instante voltou ao normal

Todo mundo achou estranho e difícil o entendimento

Mas sem fazer questionamento, prosseguiu-se o julgamento

Antes da respiração ouviu-se a batida do martelo
O meu filho condenado, à morte pelo cutelo
O acusado e culpado eu o dô por inocente
Ainda passo a vocês a credencial e a toda gente
Que homem que hoje morre não sem dor em seu pai
Faz isso por amor porque de sua majestade sai

Disse isso o magistrado e ouviu o povo todo calado

Porque ali em justiça todo erro foi justificado



E se fosse você no lugar do juiz, faria tudo igual?

Condenaria o seu único filho, pra livrar o marginal?

Pois foi isso que aconteceu na aurora do primeiro dia

O príncipe desceu sem olhar para o que era seu

Por que amou, a tudo ele perdeu e nem socorro queria

Apenas o olhar do Pai, aprovando sua atitude

De trazer todos de volta, a humanidade que se perderia.

Mesmo aos 33 anos perdendo em sangue a juventude.




Killinho





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