Nele não pude deixar de constatar o quanto é impressionante a presença de alguém especialmente poderoso em nosso entorno e que constantemente quer estar em nós, mesmo que nós sejamos estas criaturas frágeis e às vezes tão desagradáveis.
Segue abaixo o trecho do livro que estou lendo e me fez pensar neste assunto:
"- Você não é... não é uma coisa morta... é? Vá embora, por favor. Nunca lhe fiz mal. Ó, sou o sujeito mais desgraçado do mundo!
Sentiu novamente o hálito quente da coisa no rosto e na mão.
- Morto não respira assim. Pode me contar as suas tristezas, rapaz.
O hálito deu a Shasta um pouco mais de confiança. Contou então que jamais conhecera pai e mãe, que
fora criado por um pescador muito severo. Contou sobre como fugira, sobre os leões que os perseguiram, os perigos em Tashbaan, a noite entre os túmulos, as feras que uivavam no deserto, o calor e a sede durante a caminhada, e o outro leão que surgiu quando estavam quase chegando, Aravis ferida... Contou, por fim, que estava com fome, pois não comia nada havia muito tempo.
- Não acho que seja um desgraçado - disse a grande voz.
- Mas não foi falta de sorte ter encontrado tantos leões?
- Só há um leão - respondeu a voz.
- Não estou entendendo nada. Havia pelo menos dois naquela noite...
- Só há um leão, mas tem o pé ligeiro.
- Como sabe disso?
- Eu sou o leão.
Shasta escancarou a boca e não disse nada. A voz continuou:
- Fui eu o leão que o forçou a encontrar-se com Aravis. Fui eu o gato que o consolou na casa dos mortos. Fui eu o leão que espantou os chacais para que você dormisse. Fui eu o leão que assustou os cavalos a fim de que chegassem a tempo de avisar o rei Luna. E fui eu o leão que empurrou para a praia a canoa em que você dormia, uma criança quase morta, para que um homem, acordado à meia-noite, o acolhesse.
- Então foi você que machucou Aravis?
- Fui eu.
- Mas por quê?!
- Filho! Estou contando a sua história, não a dela. A cada um só conto a história que lhe pertence.
- Quem é você?
- Eu mesmo - respondeu a voz, com uma entonação tão profunda que a terra estremeceu. E de novo: - Eu mesmo - com um murmúrio tão suave que mal se podia perceber, e parecia, no entanto, que esse murmúrio agitava toda a folhagem à volta."
(Trecho de "As Crônicas de Narnia - O Cavalo e seu Menino" C. S. Lewis)
Ha algo de surpeendente e maravilhoso quando você se dá conta de que há alguém que se importa com você, alguém que não se compara a outro e alguém que te acompanha de perto, mesmo que vocês estaja à um passo da morte. Esta, Ele conhece de perto, sendo na mesa de pedra ou na cruz de madeira Ele já a venceu e ela não precisamos mais temer
Ele está comigo e nos meus tropessos Ele me segura, nos meus acertos Ele sorrí e assina, pois o que há de ruim em mim precisa ser submetido a Ele e nada que há de bom em mim pode ter outra assinatura se não a dEle...
Killinho
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